Foi durante um evento destinado a investidores e acionistas do Grupo Disney em 2021 que o então presidente do estúdio, Bob Chapek, anunciou novidades referentes ao catálogo do Disney+, serviço de streaming recém-lançado. Além de filmes já lançados como “Lightyear” e “Encanto”, o ex-CEO comunicou que uma série animada de “Moana” estava em desenvolvimento, com lançamento previsto para 2023. Anos mais tarde, agora sob o comando de Bob Iger, os executivos afirmaram que o projeto possuía uma história tão épica que não podia ficar apenas restrita ao serviço de streaming. Após uma sequência de baixa arrecadação nas bilheterias, a Disney Animation precisava de um novo sucesso nos cinemas, e Iger, conhecido por trazer bons resultados ao estúdio em um passado próximo, aproveitou o material pronto para acelerar o lançamento de uma continuação do hit animado, que há cinco anos é o filme mais visto do Disney+, superando qualquer título de “Star Wars”, da Marvel e até mesmo outras animações de sucesso da Disney.
Os números de pré-venda indicam que “Moana 2” será o mais novo sucesso de arrecadação do estúdio, mas é possível que essa nova aventura não cause o mesmo frenesi que seu antecessor. Sua origem televisiva é perceptível ao longo dos 100 minutos de duração, com direito a uma cena pós-crédito que anuncia a renovação para uma nova temporada. Sua estrutura episódica permite que o espectador perceba exatamente o momento em que cada capítulo terminaria se fosse lançado em formato de série de TV.
Essa característica também afeta a narrativa do longa, que repete a estrutura do primeiro filme, com a protagonista novamente deixando sua aldeia para viajar com o intuito de encontrar uma ilha perdida e restaurar as correntes marítimas para que diferentes povos da região possam se conectar.
No que diz respeito à animação, “Moana 2” é simplesmente deslumbrante. Cada cena é um verdadeiro espetáculo visual, com cores vibrantes e detalhes meticulosos que trazem à vida o mundo mágico de Moana. A fluidez das animações, especialmente nas sequências de ação e nas cenas subaquáticas, é impressionante e demonstra o avanço tecnológico e a dedicação da equipe de animadores nos últimos oito anos. Os personagens são incrivelmente expressivos, e os cenários, desde as vastas paisagens oceânicas até as ilhas exuberantes, são de tirar o fôlego. “Moana 2” não só mantém o alto padrão estabelecido pelo primeiro filme, mas também eleva a experiência visual a um novo patamar, encantando tanto os olhos quanto o coração do público.
Ponto alto no filme original, as músicas de “Moana 2” são agradáveis e cumprem seu papel, mas a ausência de Lin-Manuel Miranda nas composições é notável. No primeiro filme, Miranda trouxe uma energia vibrante e uma profundidade emocional que ressoaram com o público de todas as idades. Suas letras inteligentes e melodias cativantes elevaram a trilha sonora a um nível quase mítico. Em “Moana 2”, embora as canções sejam bem executadas, falta aquele toque mágico e inovador que Miranda tão habilmente entregou. A trilha sonora, apesar de competente, não consegue alcançar o mesmo impacto emocional e a mesma memorabilidade, deixando os fãs sentindo a ausência do gênio criativo que ajudou a definir o sucesso do original.
“Moana 2” é um filme competente e encantador, que certamente traz momentos de magia e aventura que agradarão tanto aos fãs antigos quanto aos novos espectadores. No entanto, apesar de seus méritos, ele não consegue superar o impacto e a originalidade do primeiro filme. A falta de desenvolvimento dos novos personages é sentida, e a narrativa, embora envolvente, não atinge o mesmo nível de profundidade emocional. Ainda assim, “Moana 2” é uma adição digna ao universo da personagem, oferecendo uma experiência visualmente deslumbrante e uma história que, mesmo sem o brilho do original, continua a encantar.
