Quase dez anos depois de Divertida Mente se tornar um sucesso estrondoso de público, crítica e bilheteria, conquistando para si até mesmo o Oscar de melhor animação, chegou aos cinemas brasileiros o filme Divertida Mente 2, segunda parte da história que traz Riley mais velha, lidando com novas emoções e os transtornos da puberdade.
Após os eventos do primeiro longa, Alegria, Raiva, Medo, Nojinho e Tristeza dividem o comando da mente de Riley em harmonia, gerando lembranças cada vez mais simbióticas na rotina da personagem. Desde então, a vida da menina, agora com treze anos, parece ter prosperado. Além de ter boas notas em seu colégio, a jovem é também uma boa filha, vive em harmonia com sua família e ainda consegue ser boa no hockey, seu esporte favorito. Tudo isso dá a jovem um senso de si inquebrável. Mas a chegada dos treze anos traz um novo desafio: a puberdade e com ela um novo grupo de emoções surge para bagunçar a mente da menina. São elas a Ansiedade, a Inveja, o Tédio e a Vergonha, personagens mais complexos e autoconscientes que as cinco emoções primárias.

No geral, a sequência deve agradar os espectadores. Apesar de não ter um momento “leva ela pra Lua por mim” e apostar mais no humor, o longa consegue entregar uma narrativa que amadurece junto com os desafios da protagonista, abordando temas como amizade, pressão social e busca por identidade. Já pelos trailers era possível verificar que a introdução da Ansiedade, dublada pela atriz Tatá Werneck, seria um destaque a parte. Ela é caótica, desesperada, cansativa e incansável, longe de ser delicada, e gradualmente se torna ainda mais sufocante. No ponto alto do filme, quando ela mostra todo o seu potencial, temos talvez aquela que seja a cena mais simbólica de uma animação feita nos últimos anos.
Em contrapartida, Divertida Mente 2 sofre de um problema comum em sequências de filmes que fazem muito sucesso: apostar no seguro. Enquanto o longa de 2015 foi inovador ao se aprofundar na mente humana e antropomorfizar um grupo de emoções, sua sequência dá passos mais curtos, similares ao que foi trabalhado anteriormente e pode gerar insatisfação ao subir os créditos finais. A urgência em lançar um produto lucrativo nas bilheterias e em material de merchandising afeta diretamente no que o filme poderia ter sido.

A julgar pelos primeiros números de bilheteria, as perspectivas para o longa são boas e o vislumbre do primeiro bilhão de 2024 se torna cada vez mais possível. Em apenas cinco dias, o longa já alcançou a marca de US$ 400 milhões. Na América do Norte, a sequência superou Duna: Parte 2 e Godzilla e Kong: Novo Império no final de semana de estreia.
Divertida Mente 2 é uma sequência que não decepciona. Apesar de ser aquém ao seu antecessor, o longa conta com uma história envolvente, personagens bem desenvolvidos e uma mensagem que serve como autorreflexão. A profundidade de certos conceitos e percepções, que ressoam de maneira mais intensa com o público adulto, faz dele uma obra superior às tantas continuações genéricas do estúdio como Procurando Dory e Carros 3.
Divertida Mente 2 já está em cartaz nos cinemas de todo o Brasil